O risco é elevado e gera divisões profundas: deve o reconhecimento do Estado palestiniano anteceder as negociações de paz ou o contrário? Estão Israel e Palestina preparados para qualquer um dos casos? A EPTV investiga.

Estado soberano da Palestina: alicerces ou culminar da paz?

https://api.multimedia.europarl.europa.eu/documents/20125/11922029/m003-0306-pt.srt

498 votos a favor,  88 contra e 111 abstenções.

A votação assinala o apoio do  reconhecimento do Estado da Palestina

bem como da solução  de dois Estados pela paz.

A resolução adotada é resultado  de negociações longas e difíceis

entre as famílias políticas  representadas no hemiciclo.

O texto não obriga ao reconhecimento  do Estado palestiniano pelos países,

mas alguns MPE  queriam que assim fosse.

A EuroparlTV falou  com vários envolvidos na matéria:

Eurodeputados, representantes  da Autoridade Palestiniana,

um embaixador israelita, um  historiador, todos com uma perspetiva.

Maria Arena  é uma MPE Socialista belga,

foi a sua família política  que convenceu o PE

a votar o reconhecimento  do Estado da Palestina,

Atualmente, a evolução patente  no território palestiniano

mostra que avançamos  para uma solução nula,

a solução de dois Estados  pode já não ser viável.

Há então que travar  o que atualmente acontece

Para que tal aconteça,  o reconhecimento é fundamental.

Julgo não haver alternativa,  senão reconhecer o Estado soberano

Visão partilhada pela embaixatriz  da Autoridade Palestiniana na UE.

Para Leila Shahid, o reconhecimento  do Estado da Palestina

é um travão importante  aos colunatos israelitas.

Israel afirma negociar,  mas lança colunatos diariamente.

Há mais de 500 mil colunatos  em território palestiniano,

um muro de 700 km e Jerusalém  Oriental está sitiada e anexada.

Se recusarmos  a solução de dois Estados,

se permitirmos que este governo  crie colunatos, tal como faz atualmente,

num Estado onde, em 2020, haverá  tantos palestinianos como israelitas.

Os Sociais-Democratas apelam  ao reconhecimento incondicional,

é impensável que tal meta reúna  a maioria necessária no plenário.

Após negociações,  o texto adotado estipula o apoio

do PE ao Estado palestiniano por  princípio, a solução de dois Estados

e, a par disto, defende  o retomar das negociações de paz.

O reconhecimento real da Palestina  inicia no fim da negociação de paz

entre as partes,  pois ambas existem já,

das partes que  se encontram em negociações.

Temos agora  um Estado democrático, Israel,

mas, do outro lado, não temos  um Estado regido pela democracia.

Um primeiro passo  para avançar com as coisas

seria então apoiar uma real  transição democrática na Palestina,

o que implica o isolamento das fações  que renegam princípios democráticos.

Central para os MPE que votaram  esmagadoramente a favor do texto

é encorajar a retoma do diálogo  entre Israel e a Palestina.

Como vê o Estado Hebraico  esta mensagem?

O embaixador israelita na UE  é claro sobre a matéria.

Não podemos impor  a palestinianos e a israelitas

opiniões exteriores, lamento.  São entidades independentes

Pelo que sei e pelo que me dizem  os eurodeputados, pelo menos,

desejam levar israelitas  e palestinianos ao diálogo.

O que conseguem, infelizmente,  é aumentar o seu afastamento.

O reconhecimento do Estado  palestiniano divide opiniões em Israel.

Elie Barnavi, historiador e antigo  embaixador israelita em França,

está entre 800 intelectuais israelitas  que assinaram uma petição

a favor do reconhecimento  do Estado palestiniano.

A solução será internacional  ou imposta ou não existirá,

por vários motivos, como a grande  fragilidade política dos adversários.

Podemos travar guerras, tal não  exige que sejamos politicamente fortes.

A guerra unifica os povos,  mas criar paz é outra questão.

O Primeiro-Ministro Yitzhak Rabin  tentou e foi assassinado.

O que é pedido  a israelitas e palestinianos

são coisas extremamente dolorosas  e que criam divisões profundas.

Sem valor legal, o voto do PE  é importante e bastante simbólico.

É o espaço em que se expressa  a opinião dos 28 Estados-Membros,

é qualquer coisa, representa  500 milhões de cidadãos euros.

Seria incoerente o PE não reconhecer  um parceiro com que trabalha.

Sou embaixatriz para a UE,  quem represento eu?

mais veremos esta situação  cada vez mais aterradora:

Uma sociedade, duas metades  forçadas a viver em conjunto,

mas desiguais por definição,  com o ocupado e o ocupador.

Se não existir um Estado palestiniano,  separação

e é uma anomalia  em termos de Direito internacional,

continuaremos com esta situação  e será o fim do projeto Sionista.

O PE votou e deve agir o Conselho  de Segurança sobre a luta diplomática

entre a Autoridade Palestiniana  e Israel.

A Palestina já apresentou  um roteiro para uma paz duradoura.

Se for aceite,  este visa estabelecer a paz até 2015

e a retirada das tropas israelitas  do território ocupado até final de 2017.