Vencedora do Prémio Sakharov 2009, a ONG russa MEMORIAL abre os seus arquivos à europarltv e recorda o que era viver sob um regime totalitário numa Rússia que ainda hoje continua a somar casos de violações dos direitos humanos.

Repórter UE: Defender os direitos humanos na Rússia

https://api.multimedia.europarl.europa.eu/documents/20125/14973670/M003-0034-PT.srt

20 anos depois   da morte de Andrei Sakharov,

o Parlamento atribuiu o prémio   pela liberdade de pensamento,

à MEMORIAL,   uma ONG russa que monitoriza

abusos de direitos humanos   passados e presentes

A europarltv foi a Moscovo   examinar os arquivos da MEMORIAL

e saber o que significa a defesa   dos direitos humanos na Rússia.

Lá dentro,   milhares de documentos e fotografias

mostram como era a vida   sob um regime repressivo,

quando o terrorismo de Estado   era norma.

que os abusos e sofrimentos dos anos   soviéticos não seriam esquecidos.

MEMORIAL - Oleg Orlov,   Sergei Kovalev e Lyudmila Alexeyeva.

Este ano, recebeu   o Prémio Sakharov do Parlamento,

em reconhecimento pela sua defesa   dos direitos humanos.

O próprio Andrei Sakharov ajudou   a criar a organização há anos atrás.

Nos arquivos   há verdadeiros tesouros pessoais.

cartas dos filhos para os pais,   detidos em campos de trabalho.

Protegem-se histórias pessoais   para não as deixar cair no esquecimento.

Valorizam-se histórias   do quotidiano das pessoas.

O mais importante é o princípio   segundo o qual organizamos a colecção.

Para nós, a história das pessoas é mais   importante do que a História do país.

Durante anos só estudámos o país   e deixámos de lado as pessoas.

O nosso objectivo é utilizar o indivíduo   como padrão para avaliar a História.

Não recolhemos cópias   de material dos arquivos do Estado.

Guardamos material   que nos ajuda a estudar a repressão

e o impacto do terror na mente   das pessoas e no seu modo de vida

Na sede da MEMORIAL   há também um pequeno museu,

apenas uma sala   mas com milhares de histórias.

O museu guarda a história   dos campos de trabalho

para onde dissidentes, intelectuais   e outros "inimigos do Estado"

No museu há objectos   da vida quotidiana,

roupa, bilhetes de identidade,   a foto obrigatória de Estaline.

através dos quais   os prisioneiros exprimiam

a sua reclusão   e as esperanças para o futuro.

Apesar de pequeno, o museu procura   manter viva a memória das pessoas.

Antes de mais,   trata-se da História do nosso país.

não só durante um ano   mas durante décadas.

Arruinou a vida   de milhões de pessoas.

Levaram-lhes a sua liberdade e viveram   por detrás de uma cortina de ferro.

A MEMORIAL também defende   os direitos humanos na Rússia.

Por exemplo na Tchetchénia,   a MEMORIAL tem debaixo de olho

alegações de raptos,   assassinatos e torturas.

Mas a MEMORIAL também luta   contra a indiferença pública

e a marginalização   nos media controlados pelo Estado.

Yulia Klimova é adido de imprensa   na MEMORIAL.

O seu trabalho é tentar   chamar a atenção dos media russos

mas, como explica, a batalha   contra a repressão política continua.

A maioria dos media   está sob controlo do governo.

Posso dizer que a nossa informação   não tem interesse para eles.

Talvez o facto de não nos criticarem   seja, em si mesmo, mau.

Há órgãos de comunicação   que trabalham connosco

A Rússia dos dias de hoje   é muito diferente da Rússia de Sakharov.

A atribuição   do Prémio Sakharov à MEMORIAL

lembra-nos que nem tudo   mudou para melhor.

Os abusos de direitos humanos   não são uma memória longínqua

continua bem presente   nos arquivos da MEMORIAL.