As etiquetas nos produtos devem mencionar o país de origem? Esta medida será eficaz no combate à contrafacção ou significará mais burocracia sem trazer mais-valias para o consumidor? O debate está lançado.

Zoom: Proteger o consumidor ou defender o proteccionismo?

https://api.multimedia.europarl.europa.eu/documents/20125/13778568/M001-0022-PT.srt

Comprei roupas de países   com tradição na área do estilo e design.

Mas a etiqueta   só indica o nome do fabricante.

Vivemos na selva do "made in",   o local de fabrico.

Na UE não há uma lei comum   sobre a origem dos produtos.

Há quem o escreva na etiqueta   e há quem o não faça.

Valentina Graziosi foi a Biella,   coração dos têxteis de qualidade,

descobrir como manter a competitividade   investindo em inovação e experiência.

E falámos com um fabricante   de sapatos italiano

que deslocalizou a produção   para se manter competitivo.

A fábrica Vitale Barberis Canonico   é a prova de que é possível

conjugar mão-de-obra italiana   com inovação tecnológica.

Aqui, perto de Biella - coração dos   têxteis italianos de alta qualidade -,

produzem-se tecidos para as melhores   casas de moda do mundo.

Decidimos manter   a produção em Itália

porque estamos   muito ligados à nossa região

e por acreditarmos   que só produtos "made in Itália"

Garantimos que toda a produção   é fabricado apenas e só em Itália.

O aperfeiçoamento   do software de gestão

e os fortes investimentos em inovação   tecnológica são a chave do sucesso.

Produzimos cerca de cinco milhões   de peças de tecido por ano

Tudo graças a um investimento de cerca   de 10 milhões de euros por ano,

Não há pessoas,   tudo é automático.

A lã... depois   de torcida várias vezes,

que é esticada   e ao mesmo tempo torcida.

Esta secção é igual   há 100 anos atrás.

Todos os defeitos   são reparados à mão.

Graças à atenção prestada,   temos um tecido pronto a ser costurado.

Oferecemos garantia ao produto em si   e ao produto final.

Se alguém compra este tecido,   o manufactura segundo as regras

e encontra defeitos depois,   assumimos a responsabilidade

sobre o tecido   e sobre o produto final.

Este tecido vai ser enviado   para o Canadá.

Nem todas as indústrias   se deslocalizam.

É verdade que em Biella   há um nicho de alta qualidade

mas investir em inovação   e experiência pode ser difícil.

querem protecção   e etiquetas de origem.

da Aliança dos Socialistas   e Democratas

e que vem de Biella,   a região que vimos na reportagem,

e Christopher Fjellner, sueco,   do Partido Popular Europeu.

E vamos ao primeiro tema,   etiquetas de origem.

Porque precisamos delas?   Protegem elas a nossa indústria?

Gianluca Susta,   porque precisamos do "made in"?

Primeiro, porque   o consumidor no mercado global

Isto é fundamental,   também para a qualidade do produto.

Segundo, porque todos os grandes   competidores no mundo -

UE, EUA, China, Índia,   Austrália, Brasil, Coreia, Japão -

são obrigados a mencionar a origem   dos seus produtos estratégicos.

A obrigação de mencionar a origem   dos produtos tem este objectivo,

criar condições de reciprocidade   e informar o consumidor.

Concordo que deve ser permitido   mencionar a origem de um produto.

e reparei que a H&M, Zara,   até a Armani mencionam a origem.

Contudo, as empresas ou importadores   não devem ser obrigados a fazê-lo.

É caro, burocrático   e não traz mais-valias.

Há uma expressão em inglês,   "Se funciona, não se muda".

É disso que se trata. Se funciona, para   que precisamos de legislação europeia?

Mas resulta mesmo?   O que é que não funciona?

O que é que é suposto   a etiqueta proteger?

Há seis meses, 1,5 milhões de pares de   sapatos foram impedidos de entrar na UE

porque o material com que   estes sapatos tinham sido feitos,

os produtos com que estavam   engraxados, eram nocivos.

Por essa razão,   impor uma etiqueta de origem

é parte da batalha contra   a fraude comercial, a contrafacção,

e ajuda à transparência   e à rastreabilidade do produto.

obrigar a colocar "made in China",   "made in Vietname",

"made in Japão"   ao lado do nome da marca.

se há fatos Armani   produzidos na China e em Itália,

acredito que o consumidor   prefira o Armani feito em Itália.

Porque é que seria mau   proteger a indústria europeia?

Garantir a segurança dos produtos, como   os sapatos tóxicos, é muito importante.

Devemos tomar uma posição firme contra   a entrada de produtos tóxicos na UE.

Mas não resolveremos isso   impondo uma etiqueta de origem

porque nunca aceitarei que sapatos   tóxicos sejam vendidos na UE

mesmo que tenham   uma etiqueta a dizer "made in China".

Não pode dizer que um produto foi   fabricado em Itália se ele for chinês.

Mas a segurança dos produtos   e a má informação são outra questão.

Voltando à sua questão   sobre proteccionismo.

Vejo o proteccionismo como uma   tentativa de proteger certas indústrias.

É uma exigência de transparência,   não de proteccionismo.

Informar o consumidor   sobre a origem de um produto