A eurodeputada francesa Christine de Veyrac defende a rápida implementação do 'céu único europeu'. A medida poderá evitar a repetição de casos semelhantes aos que sucederam na UE com o encerramento do espaço aéreo devido à nuvem de cinza vulcânica.

Entrevista: 'Precisamos de um céu único europeu depressa', Christine de Veyrac

https://api.multimedia.europarl.europa.eu/documents/20125/14848796/N003-0058-PT.srt

É eurodeputada,   especialista em transportes.

Em sessão plenária,   os eurodeputados

criticaram a falta de preparação   da Europa face a esta crise.

Julgo que é mais subtil   em relação a essas críticas.

Falta de preparação... só preparamos   o que sabemos que acontecerá.

Este acontecimento   apanhou-nos desprevenidos.

Ninguém imaginava   que durasse tanto tempo.

Aplaudo a decisão   da maioria dos governos

de fechar o seu espaço aéreo   temporariamente e de forma provisória

porque o mais importante   é a segurança dos cidadãos.

O ministro francês dos Transportes   criticou e lamentou

a reacção tardia da UE   nesta questão.

Falou de um atraso de 48 horas   na tomada de decisão.

O que desejo é que aceleremos   o projecto do "céu único europeu".

teríamos continuado a ter aviões   a circular na Europa.

deve ser o de consolidar   o céu único o mais depressa possível.

Na prática, em que é que   esse projecto consiste

Hoje, cada país controla   uma determinada área

e é preciso criarmos   uma zona europeia

onde possamos tomar decisões   a nível europeu

para que os aviões   possam circular na Europa.

mas é preciso concluirmos   este projecto.

Julgo que é nessa área   que devemos aplicar mais esforços.

Já se fala deste projecto   do céu único há anos. Está bloqueado.

De quem é a culpa,   dos Estados, dos "lobbies"...?

Não está bloqueado,   avança é devagar.

Hoje temos o euro mas ele   não se fez da noite para o dia,

Acabei de reunir   com representantes dos Correios

e as directivas postais   não se criaram num dia.

Espero que a defesa europeia,   bloqueada, possa continuar a avançar.

A UE avança em tempo de crise,   fá-lo devagar mas avança.

Falou-se muito, durante esta crise,   do princípio da precaução.

Este princípio custou caro aos   passageiros mas também às companhias

Você está de acordo mas exige   condições. Que condições são essas?

Custou caro, como disse,   foi muito caro em termos de dinheiro

É caro para as companhias aéreas mas   também para todos os subcontratantes.

Estive com uma empresa   de reabastecimento de combustível

É preciso pensar em todas   as PME afectadas.

Saúdo a decisão da Comissão   de ajudar as companhias aéreas

mas é preciso ter atenção.   As ajudas devem ser excepcionais.

Depois, como disse   a Sr.ª Wortmann-Kool esta manhã,

há que garantir que servem   para compensar as perdas da erupção

Finalmente, gostaria que essas   ajudas fossem dadas

em função do apoio que as companhias   prestaram aos seus clientes.

É complicado.   Como avaliará esse comportamento?

Sem entrar em detalhes,   gostaria que as companhias

que devolveram o valor dos voos,   as que indemnizaram os passageiros,

recebam mais ajuda   do que as que não fizeram nada.

A 5 e 6 de Maio haverá   novo plenário em Bruxelas.

O vulcão islandês   ainda estará em erupção.

Receiam-se novos   problemas de transporte.

Não é perigoso para a actividade   do Parlamento Europeu?

São de esperar novos atrasos   na adopção de legislação?

A 5 e 6 de Maio haverá uma mini-sessão,   já estava agendada... Pode vir a ser...

Ouvi dizer   que os aeroportos vão reabrir.

Pode ser perigoso   para a actividade legislativa

mas é mau para tudo,   para a actividade económica,

para todos os sectores   da actividade económica europeia.

Há que ter esperança   em que tudo se vai resolver.

Acha que o Parlamento   deve incitar os eurodeputados

a utilizar mais o comboio para   irem para Bruxelas ou Estrasburgo?

Sim, claro. Há outras possibilidades,   mas sobretudo o comboio.

Na França estamos em greve,   estamos totalmente bloqueados.

Há que desenvolver   as redes ferroviárias europeias

e espero que essa seja uma   consequência positiva da crise,

o desenvolvimento mais rápido   de redes ferroviárias europeias.