A importação de alimentos clonados despoletou um aceso debato entre as instituições europeias, os nossos convidados do Parlamento Europeu e da Comissão Europeia debatem o assunto.

Zoom: Devemos importar bens alimentares clonados?

https://api.multimedia.europarl.europa.eu/documents/20125/15592550/M001-0060-PT.srt

Bom dia. De onde vem  a nossa carne e o nosso leite?

De animais criados tradicionalmente,  ou de crias de vacas clonadas?

A UE orgulha-se  dos alimentos tradicionais,

mas o mercado de novas tecnologias  obriga diversificar a produção.

Em Março iniciaram-se negociações  entre governos e o Parlamento,

para aprovar um conjunto  de regras para novos alimentos.

Julie Martin dir-nos-á  o que são novos alimentos

e se têm riscos para a saúde  de humanos e de animais.

mas é a primeira vaca clonada,  em 1998, no INRA,

o instituto nacional francês  de investigação agrícola.

A clonagem é feita  com este tipo de máquina.

A clonagem é a reprodução  de um indivíduo sem fecundação.

A grande meta da clonagem  para a indústria agro-alimentar

é reproduzir animais de elite,  geneticamente seleccionados

para produzir  grandes quantidades de leite

ou produzir carne  com propriedades específicas.

Clonam-se os animais  para serem procriadores de elite,

que reproduzem-se naturalmente  com animais não clonados.

Comê-los está fora de questão, mesmo  sendo quase impossível distingui-los.

A quantidade de proteína  e de gordura é igual

Não há diferença,  em termos da qualidade dos produtos.

A agência americana de segurança  alimentar, a FDA, concluiu o mesmo.

A EFSA tem mais cautela  nos comentários.

Esta diz nada indicar que produtos  clonados sejam menos seguros.

O aspecto nutricional bastou  para a clonagem arrancar nos EUA,

nas a UE  preocupa-se com o aspecto ético.

Falámos com membros do  Grupo Europeu de Ética, na Comissão.

Não é prejudicial,  não vale a pena banir

ou dizer que trará problemas  para os consumidores, não é verdade.

A nossa conclusão  é que não há grandes vantagens.

As poucas vantagens que traz  são insignificantes,

mas traz desvantagens,  ao nível do bem-estar animal

e da possível  redução da biodiversidade.

Eticamente, uma solução proposta  é enquadrar melhor a nova tecnologia

com um código de conduta, respeitando  o bem-estar do animal clonado

bem como o do animal  que doar as células.

Na UE pratica-se clonagem animal  em menos de 10 laboratórios.

ao vigiar o período de gestação,  o período pós-natal

Criou-se uma infra-estrutura,  com um serviço veterinário adaptado,

centrado no risco elevado da placenta  desenvolver-se mal na gestação.

Através de ultra-sons  e técnicas sofisticadas de imagem,

acompanhamos o desenvolvimento  do feto e da placenta.

Em caso de malformações, que  actualmente não sabemos como tratar,

fazemos uma cesariana  e pomos fim à gravidez

para que a mãe vaca  e o feto não sofram.

Já a rastreabilidade e a etiquetagem  sistemática destes produtos,

como exige o Parlamento,  para garantir a liberdade de escolha,

Na prática é possível rastrear  os clones e até a sua descendência.

Em teoria é possível rastrear  a segunda, terceira e quarta gerações,

mas na prática é muito mais difícil,  por isso é melhor esquecer.

Na UE, a carne de animais clonados  ou da sua descendência ainda é rara,

mas 2,5% do sémen  usado na reprodução do nosso gado

vem essencialmente  dos EUA e do Canadá,

onde não é exigida rastreabilidade  para os animais clonados.

algo que está  na agenda de Bruxelas há meses

e que gerou debates acesos  entre instituições.

A ausência de acordo  agrada a alguns lobbies,

pois assim podem continuar  a importar alimentos clonados.

Para falar dos novos alimentos,  temos Paola Testori,

Directora-Geral da Defesa  do Consumidor na Comissão,

Paola Testori,  decorrem longas e difíceis negociações

para criar novas regras  para os novos alimentos.

Pode explicar-me o que são,  em 20 segundos?

Novos alimentos  é uma expressão europeia

inventados ou colocados no mercado  a partir de 1997.

Estes devem ter autorização individual  e uma avaliação do seu risco.

São alimentos  produzidos em laboratório?

Podem ser alimentos naturais  nunca antes utilizados na Europa.

Por exemplo,  alguns novos alimentos são plantas,

outros são alimentos  criados com novas técnicas de produção.

As negociações correram mal.  O que é que falhou?

A questão foi o uso  de alimentos clonados.

Falamos de alimentos provenientes  da descendência dos animais clonados.

Os animais clonados  não entram na cadeia alimentar.

Não se comem animais clonados  em parte alguma do mundo.

São demasiado caros  para hambúrgueres.

usado para produzir embriões  ou material genético.

Passo para si,  para explicar a teimosia do Parlamento.

Este manteve uma posição firme,  mas também os governos,

em especial face ao facto  de quererem rotular

alimentos derivados  da descendência de clones.

Para muitos colegas,  a clonagem tinha problemas éticos,

e era algo  que o povo europeu não queria.

Creio ter sido  essa a principal objecção.