Maior e revitalizado, o líder do CRE, Syed Kamall, pede uma reforma prática da UE e "menos olhar para o próprio umbigo".

Entrevista com Syed Kamall: líder de uma força em crescimento?

https://api.multimedia.europarl.europa.eu/documents/20125/11823040/n003-0298-pt.srt

Syed Kamall, bom dia  e parabéns pela eleição

como líder dos Conservadores  e Reformistas Europeus.

O que mudará no CRE,  sob a sua liderança?

Agradeço a simpatia  e as felicitações.

O entusiasmante no grupo  é que estamos a crescer,

somos os terceiro maior grupo  no Parlamento,

mas temos uma agenda positiva.  Temos a palavra "reformistas" no nome

e quero que sejamos a referência  em termos de ideias sobre reformas.

Referiu terem crescido e serem  o terceiro maior grupo no PE.

Para alcançarem-no, acolheram  populistas, alguns extremistas,

em especial da Finlândia  e da Dinamarca, em que pensou?

Não reconheço a sua discrição,  julgo-os partidos interessantes.

Reuni com o Partido  Popular Dinamarquês,

encarei-os e disse:  "Leio coisas sobre vós na Internet."

Eis a resposta:  "Algumas coisas são verdade,

"Conhecia pouca gente  de comunidades de imigrantes,

e o partido quer a imigração  controlada, mas não é contra."

Os finlandeses disseram o mesmo:  "Acreditamos em abordar questões

e receios sobre imigração,  mas não somos contra a imigração."

Se acreditam em criar uma Europa  para 2050, são bem-vindos ao CRE,

ou se estiverem em vias  de tornarem-se de primeira linha.

É isso que aproxima  os vários partidos no nosso grupo.

Valemos da nomeação  do próximo Presidente da CE,

sobre a qual David Cameron, o  vosso líder, deu por si deveras isolado

na sua oposição  a Jean-Claude Juncker.

Como comenta a forma  como esta nomeação foi executada

nas últimas quatro semanas,  após as Europeias?

Criticamos o processo do  "Spitzenkandidaten" de duas formas:

Em primeiro lugar, é uma interpretação  leve do Tratado de Lisboa,

que diz que o PE deve ser consultado  e não que deve escolher

Em segundo lugar, centramo-nos  em questões institucionais

As pessoas preocupam-se  com o emprego, com o crescimento,

querem ver uma sociedade  progressista e modernizada.

Querem melhor banda larga  e que abordemos problemas sociais

e o que fazemos em Bruxelas?  Debatemos questões institucionais.

Olhamos para o umbigo em vez  de olhar para os desafios à volta.

Debate-se também a legitimidade  democrática da Europa.

As instituições, o PE, o PPE  e os Socialistas em especial,

defendem que o processo  do candidato principal

representa a vontade democrática  da UE nas eleições, quer comentar?

Discordo, não representa  a vontade democrática.

Se falar com alguns amigos  meus de vários países da UE,

muitos dizem  que, ao votarem nas Europeias,

votavam nos partidos locais  ou candidatos a eurodeputados.

Não sabem quem são Juncker,  Schulz, ou Verhofstadt.

Quem preferiria  a Jean-Claude Juncker e porquê?

A minha crítica é ao processo  do "Spitzenkandidaten".

Terei de trabalhar com quem acabar  por presidir à Comissão,

logo não quero olhar para trás  e para quem podia ter sido nomeado,

mas para o futuro e disse ao CRE  que importava olhar para o futuro.

Se acabar por ser Juncker,  terei de trabalhar com ele.

Desde que tenha uma agenda sobre  reforma, teremos algo em comum.

Disse várias vezes "reforma"  durante a entrevista.

Diga-me quais as principais reformas  que quer ver em vigor

Ao pensar no futuro, pensamos  no mundo que construímos.

Há que pensar no mundo e na UE  a enfrentar os desafios mundiais

por mim, pelos meus filhos e netos,  em antecipação de 2050.

Centramo-nos muito  em olhar para o próprio umbigo.

Quero menos posições de força  entre Parlamento e Conselho.

Por exemplo, se algum candidato  falar de um mercado único digital,

apoiaremos essa ideia, se algum  candidato ou outro grupo político

garantindo que o orçamento da UE não  aumenta e tira mais aos contribuintes,

ou se debaterem  leis laborais mais flexíveis

para enfrentar o desemprego crónico  visível nos países da Zona Euro.

Se falarem em resolver finalmente  o problema da Zona Euro,

em lidar com as transferências fiscais,  apoiaremos essas ideias.

Apoiaremos reformas que nos tirem  desde sarilho e contemplem o futuro.

Os Conservadores irão este ano  às urnas, no Reino Unido,

e devem produzir resultados  para os britânicos

e termos desta  agenda reformista de que fala.

ou que compromissos deve ter,  no espaço de nove meses,

para que David Cameron  possa apresentá-los aos britânicos?

que podemos alcançar reformas  quando todos dizem ser impossível.

Ao retiramos da Grã-Bretanha do  mecanismo de resgate da Zona Euro,

muitos críticos disseram  ser impossível e provámos o contrário.

Dissemos conseguir  o primeiro corte no orçamento da UE

e ouvimos que nem Margaret Thatcher,  defensora dos interesses britânicos,

conseguiu reduzir o orçamento da UE  e que era impossível.

Nós conseguimos, já  apresentámos mudanças e reformas.

Enquanto continuarmos a mostrar  o nosso registo de reformas

essa é uma mensagem positiva  para os britânicos.

Syed Kamall,  obrigado por esta entrevista.