A destruição de artefactos culturais e a falta de formação dos refugiados são também questões humanitárias e de segurança, destaca Irina Bokova, Diretora-Geral da UNESCO.

A diversidade cultural é fulcral para superar a crise

https://api.multimedia.europarl.europa.eu/documents/20125/12099300/n003-0369-pt.srt

A antiga cidade de Alepo e Palmira  são apenas exemplos.

Com a destruição de património cultural  e o tráfico de arte no Médio-Oriente,

desaparece um capítulo  da História da Humanidade.

Para Irina Bokova,  Diretora-Geral da UNESCO,

o diálogo intercultural e a educação  são elementos incontornáveis

de uma solução sustentável para o fluxo  de refugiados e o avanço do Daesh.

Bom dia, Irina Bokova.  Bem-vinda ao PE.

Como reage ao ver  como são tratados 160 mil refugiados

e que os Estados-Membros não  conseguem chegar a acordo entre si?

Podemos ainda falar  de diálogo intercultural na Europa?

Julgo que esta questão da diversidade  cultural e da vida comunitária

surgirá com força após esta crise,  este drama dos refugiados,

pois falamos de tolerância,  de compreensão mútua, de respeito,

de vivência em sociedades democráticas  com respeito pelos outros.

Trata-se de viver em vizinhança,  é o mais difícil.

28 Estados-Membros  têm enormes dificuldades

em acordarem a distribuição  de cerca de 160 mil refugiados.

É difícil para mim julgar,  pois é um debate europeu,

com bastantes  aspetos legais e não só,

políticos, há claramente diferentes  níveis de desenvolvimento.

Creio que o espírito europeu é  de uma abordagem humana e humanitária,

é o espírito de suportar  reivindicações democráticas

e de apoio e respeito  pela dignidade humana.

no passar de mensagens fortes  de valores e de apoio aos refugiados.

Mantemo-nos na situação  dos refugiados no Médio-Oriente:

Como pode a UNESCO reagir?  Esta não tem soldados para enviar,

era de cimentar o debate sobre  a destruição de património cultural

no âmbito do debate de questões  humanitárias e de segurança.

Não foi fácil a início,  mas compreendemos agora

que não podemos escolher entre  questões humanitárias e destruição:

Ou apoiamos a população  ou a destruição,

pois faz parte do espírito humano  e da sua identidade.

Falou desta diversidade, da importância  de levar a noção de educação

aos campos de refugiados,  seja na Turquia ou no Líbano.

para que compreendam a sua História.  O que pode fazer?

Para mim é fundamental incorporar  a educação na resposta humanitária.

Sabemos que só 2% do auxílio  humanitário é alocado à educação

e podemos ver...  Visitei a Jordânia, o Iraque, o Líbano.

Sei como sobre as crianças  e as famílias,

pois boa parte das crianças  não frequentam a escola há cinco anos.

Poderá ser uma geração perdida  para a Síria ou para o Iraque,

mas representa também  uma ameaça de segurança,

não terão emprego nem serão integrados  na sociedade, serão marginalizados

Uma última questão.  Como reage ao tráfico de arte?

Falou do Daesh e da al-Nusra,  mas não são os únicos,

é óbvio que, na Síria, Bashar al-Assad  está também envolvido no tráfico.

Colaborámos  com o Conselho de Segurança,

que adotou uma resolução fulcral,  a 2199, de 12 de fevereiro deste ano,

que responsabiliza  a UNESCO e a Interpol

pela cooperação com parceiros  e países vizinhos

para travar o tráfico ilegal de objetos  culturais que financia o extremismo.

O que fizemos foi criar,  trabalho que ainda continua,

uma plataforma entre a Interpol  e o Conselho de Cooperação Aduaneira,

para colocar especialistas no terreno  e cooperar com os países.

essencialmente países vizinhos  e países europeus,

a reverem legislação e dar  mais ênfase a regras de importação,

mas da importação de objetos culturais  vindos da Síria e do Iraque.

Muito obrigado, Irina Bokova.  -Obrigada.