Em época de prémios, Costa-Gavras celebra o valor dos prémios do PE e define a sua visão da Europa no contexto das grandes crises da atualidade.

Visão de um grande do cinema: Europa da cultura e da educação

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O PE atribuiu o prémio LUX de 2015  a "Cinco Graças",

da realizadora franco-turca,  Deniz Gamze Ergüven.

Um filme que, segundo ela,  representa os ideais da Europa.

No hemiciclo esteve também um mestre  do género, o cineasta Costa-Gavras.

Para este, o papel da Europa é apoiar  a cultura e a educação acima de tudo.

Costa-Gavras,  bom dia e bem-vindo ao PE.

O que pensou do filme  e simbolizará o ideal europeu, para si?

Simbolizará muitas coisas,  antes de mais, uma jovem realizadora

que estudou em França, e foi realizar  um filme na Turquia, o seu país,

deveras belo, sobre um problema  fervilhante atualmente,

como se descobrem os jovens perante  pessoas deveras conservadoras,

para não dizer obscurantistas,  que procuram um certo tipo de vida:

Querem as mulheres com véu, com dado  comportamento, que sejam escravas.

Outro aspeto interessante  é o filme ser falado em Turco.

A França decidiu que este filme  representará o país nos Óscares,

ou seja, mesmo que a Turquia  não seja totalmente europeia,

respeitar a língua dos outros  e promovê-la, de alguma forma.

Temos o LUX para o cinema, o Sakharov,  o Prémio do Cidadão Europeu,

para si,  qual será a importância destes?

A importância é o PE,  a Europa, abordar a cultura.

aliás, este prémio é mais uma desculpa  e não uma real política cultural,

que julgo que a Europa não tem,  atualmente.

Estão preocupados... Sei que os MPE  o querem, já falei com alguns

e querem que se vá mais além,  mas o que importa agora é a economia,

a CE só pensa em economia  e é o que temos.

Ao ver a Europa atual, com a crise  grega, em que investiu bastante,

como está a Grécia?  -Vai além da Europa.

Fala-se pouco,  mas a Grécia está bastante mal,

A CE afirma que as dívidas  são demasiado pesadas,

que os gregos jamais conseguirão pagar,  mas não as reduzem,

o que causa  grandes problemas na Grécia.

Acredito em Tsipras enquanto homem,  não sei quem tem em seu redor,

mas acredito nele,  é jovem, ambicioso, honesto,

não o creio envolvido em algo  e é a única esperança.

Se listasse todos  os líderes políticos gregos,

não saberia em quem  mais confiar o país atualmente,

pois a maioria  é responsável pela dívida

e criou a situação atual.  Acredito nele por isto

e espero que tenha força  e seguidores para alterar a situação,

mas será difícil, pois a Europa  não faz o suficiente para ajudar.

Há que acreditar nela,  criticá-la e exigir que mude,

caso contrário,  deixamos de acreditar e a UE desfaz-se.

A Grécia é hoje o primeiro país de  chegada de vários sírios e iraquianos,

Como enfrentar a situação  e terá o país meios para isso?

é que a Grécia recebeu já um milhão  de imigrantes em vários anos,

que não podem partir, nem ir para  outro país, nem voltar para o deles.

Temos um milhão, ou mais,  segundo parece,

aos quais se juntam  dezenas de milhar agora.

Já não é a crise económica  que a Grécia conhece,

que Tsipras e a UE conhecem, é  enorme e não sei como lidarão com isto,

como poderá Tsipras  gerir tudo sem ajuda da Europa.

Como vê a situação atual  após os atentados de Paris?

Temos a capital belga  em estado de extrema tensão

com um estado de alerta  em nível máximo.

Como analisa a situação,  Costa-Gavras?

É trágico, não há adjetivos  para descrever a situação,

todos a experienciá-los  de modo terrível,

mas julgo que é um drama europeu maior,  algo único e totalmente novo.

São pessoas que se destroem  para destruir outros.

A História europeia  já viu vários horrores,

mas nunca assim,  há que viver com isso

e os belgas  não foram muito prudentes.

Há anos que estes grupos  se prepararam

e os belgas ignoraram-nos  ou deixaram-nos estar, não sei.

A Europa deve agora  unir-se totalmente.

A fazer um filme, interessar-lhe-ia  realizar um filme sobre este tema?

Para fazer um filme,  há que haver uma história

explicável pelo filme, ou estudar  a situação e o pensamento humano,

mas aqui não há pensamento,  são pensamentos malignos.

Não saberia o que fazer,  como tratar o tema,

de serem idiotas,  pois muitos rebentam-se

logo há também muita idiotice  por trás disto,

o que, para mim, será uma arma  disponível para os europeus,

Querem matar infiéis, o que  alcançarão, querem mandar o mundo?

somos demasiado fortes,  as nossas democracias são poderosas.

Costa-Gavras, muito obrigado.  -Obrigado.