Os Assuntos Constitucionais e a comissão para o Ambiente parecem distantes, mas proteger a natureza, a saúde e os consumidores é das mais nobres funções da UE e parte da sua biografia, diz Jo Leinen, o novo presidente da ENVI.

Entrevista: Há que fazer mais para travar o aquecimento global - Jo Leinen (versão alargada)

https://api.multimedia.europarl.europa.eu/documents/20125/14504294/P005-00083-L-PT.srt

da Comissão do Ambiente, da Saúde   Pública e da Segurança Alimentar.

Em que vai mudar a comissão   sob a sua liderança?

Estou empenhado na protecção   ambiental há muitos anos,

estou ansioso por presidir   a esta influente comissão.

O Parlamento Europeu foi sempre   pioneiro na protecção aos consumidores,

na protecção da saúde   e na protecção do ambiente,

e por isso, vai ser particularmente   interessante liderar esta comissão.

Primeiro, temos de tratar   das alterações climáticas.

Na Cimeira do Clima   da ONU, em Copenhaga,

a UE terá de demonstrar que lidera o   caminho e estimular os outros a actuar.

Temos de demonstrar que acreditamos na   estabilização das alterações climáticas.

A gripe A e outras doenças   transfronteiriças

Não podemos negligenciar uma coisa   em favor de outra. Há muito a fazer.

Vamos falar de alterações climáticas.

No final de 2008, o pacote clima-energia   foi assinado.

Os media declaram isso como   um sucesso da Comissão e da UE.

No entanto, muitas pessoas   gostavam de ter ido mais longe.

Foi um compromisso satisfatório   para os 27 Estados-Membros,

mas não é uma solução satisfatória para   os desafios das alterações climáticas.

Foi estipulado, na altura,   que seriam feitos mais esforços

se os EUA e outros países estivessem   preparados para cooperar.

As coisas mudaram para melhor   desde a eleição de Barack Obama.

Mantenho-me, por isso, esperançoso que   sejam tomadas mais e melhores medidas.

A Europa perdeu o seu papel de   liderança nas alterações climáticas?

Não, mas os americanos   estão a começar a apanhar-nos.

Isso é bom. A área das novas tecnologias   é dinâmica e competitiva,

e claro que não nos podemos   dar ao luxo para ficar para trás.

Quando se vêem os esforços da China   em relação aos veículos eléctricos,

torna-se claro que a Europa   não pode ficar parada.

Como está a pensar desempenhar   o seu novo papel?

Como presidente da comissão   vai tomar a iniciativa

e não vai medir as palavras   quando for necessário?

Sou conhecido por dizer   o que penso e ser franco.

A comissão vai apoiar-me   nos debates parlamentares

e nas negociações com o Conselho   e com a Comissão.

Vamos lutar por metas   na protecção do clima

e vamos ser abertamente críticos em   relação a qualquer sinal de negligência

ou, pior ainda, qualquer tentativa   de reverter as coisas.

O que quer dizer exactamente   com isso?

é utilizada como desculpa para fugir   a certas responsabilidades.

Temos de ser cuidadosos e não podemos   permitir nenhuns sinais de fadiga.

Pelo contrário, temos de estar   vigilantes e trabalhar ainda mais

porque as medidas actuais   são insuficientes.

Mas existe algum risco real   dos esforços abrandarem?

Claro. Quantidades enormes de dinheiro   estão a ser canalizadas para áreas

que beneficiam indústrias tradicionais   e a banca, e não o ambiente.

Não podemos dizer:   "Já não sobra dinheiro."

"Infelizmente não podemos salvar   o clima e o futuro dos nossos netos

porque tivemos de salvar uns grandes   bancos e umas empresas tradicionais."

Para além das alterações climatéricas,   a saúde também está na sua agenda.

No que se refere à gripe A, a   Europa não está a falar a uma só voz.

Os países estão a tomar   as suas próprias medidas.

A França, por exemplo,   gastou milhões

para fornecer aos seus cidadãos   uma vacina.

O problema é que a política de saúde   ainda é uma competência nacional.

No entanto, com o Tratado de Lisboa   passará a ser um assunto europeu.

Teremos uma base contratual...   - É perito constitucional, claro.

Sim, e saúdo o progresso nesta área   porque os cidadãos esperam por isso.

Ninguém iria compreender se tivéssemos   uma epidemia ou uma pandemia

e as medidas preventivas   parassem nas fronteiras.

as doenças infecciosas não param   nas fronteiras nacionais,

e é por isso que esta UE relativamente   pequena, de 27 países

Outra legislação importante   é o pacote farmacêutico.

mas se tiver de ir a um médico   ou hospital de outro país da UE,

As despesas podem   não ser reembolsadas

e pode ter-se de esperar   por uma operação.

As regras do mercado comum deviam   aplicar-se também ao sector da saúde.

Todos os cidadãos da UE   devem ter os mesmos direitos.

O Cartão Europeu   de Seguro de Doença

assegura que um cidadão   da UE pode beneficiar

do valor acrescentado da cooperação   europeia em caso de emergência.

Goza dos mesmos direitos   dos cidadãos locais

e os sistemas de saúde reembolsam as   despesas ocorridas no estrangeiro.

Quais são os seus objectivos   para esta área nos próximos anos?

A adulteração alimentar é um grande   problema que não pode ser tolerado.

O queijo não é necessariamente queijo   nos dias de hoje.

mas o consumidor tem o direito   de saber

que os produtos são verdadeiros   e autênticos.

Aplica-se o mesmo aos aditivos   nos alimentos.

Há todo o tipo de novos produtos   alimentares

que, para além de ingredientes naturais,   contém muitas outras substâncias.