O cliente tem sempre razão mas será que o público vai ficar a ganhar com a liberalização dos serviços postais na Europa?

Sem Fronteiras: Quem lucra com a liberalização dos correios?

https://api.multimedia.europarl.europa.eu/documents/20125/14807264/m002-0013-pt.srt

Quantos de vocês  enviaram postais neste Verão?

Cada vez mais se enviam  e-mails e SMS em vez de cartas.

Neste mercado em mudança,  os correios também estão a mudar.

Os antigos monopólios  acabam a 1 de Janeiro.

O sector postal será liberalizado  na maioria dos países da UE.

Quais serão as consequências  para os consumidores

Neste debate temos Brian Simpson,  eurodeputado socialista britânico

e presidente  da Comissão dos Transportes,

Markus Ferber,  eurodeputado alemão do PPE

e autor do relatório  sobre a liberalização postal,

e Cornelia Berger,  representante do sindicato UNI Global,

o principal  sindicato postal da Europa.

As primeiras normas comunitárias,  de 1997, liberalizaram os correios

A partir de Janeiro,  os novos operadores

poderão também entregar cartas  com menos de 50g.

Devem garantir um serviço eficiente,  mesmo em áreas rurais.

A nova viagem pelo mundo postal  começa numa vila do norte de França.

Uma pequena mercearia numa aldeia  perto de Lille, no norte de França.

Útil para compras, mas também  para enviar correio e comprar selos,

Este é para correio  com aviso de recepção.

Este é para correio registado  sem aviso de recepção.

Temos selos de todos os valores,  de 1 cêntimo até 2,22 euros.

Os sindicatos temem que a liberalização  gere um mercado a duas velocidades,

com redução de serviço em zonas rurais  ou o encerramento de postos de correios.

Nestas agências postais  comunitárias,

não é possível aceder  ao leque completo de serviços,

acesso bancário, correio,  encomendas ou direito a uma conta,

como num posto de correios  totalmente funcional.

Opinião não partilhada  na sede da La Poste, em Paris.

Nem toda a gama de serviços  é oferecida pelos nossos parceiros,

das necessidades locais  dos nossos clientes.

Por lei, os correios franceses  devem ter 17 mil pontos de atendimento.

Devem fornecer também um serviço  universal em todo o país,

mas não é isso que preocupa  este gestor de correios.

O motor da mudança  mais importante actualmente,

não é tanto a liberalização,  mas a redução acima do esperado,

agravada pela crise,  no volume de correio.

O mercado postal francês deverá sofrer  uma quebra entre 3 e 5% por ano,

o que influenciará os operadores  interessados no mercado francês.

Quero começar  por esta imagem atrás de mim,

a manifestação dos sindicatos,  em Estrasburgo, no início de Setembro.

Estes denunciavam a perda  de muitos postos de trabalho

e o sistema a duas velocidades  no serviço postal em regiões remotas.

O Sr. Ferber foi relator  na última legislatura.

Acha fácil correr este risco  de menor qualidade nesta região?

É verdade.  Tendo a Baviera como exemplo,

em que enviar uma carta dentro  de Munique é muito mais barato

Por outro lado, enviar uma carta  das montanhas da Baviera

para uma pequena aldeia  perto do rio Meno

é, claro está, mais caro  do que o valor do selo.

O serviço universal sempre absorveu  esta diferença, e ainda o faz.

É também verdade  que, nos últimos 20 anos,

perderam-se empregos no sector postal,  sem liberalização.

As novas tecnologias mudaram  o modo de processamento das cartas.

O correio é separado automaticamente  e não à mão.

Cornelia Berger, estamos próximos  das últimas fases da liberalização,

em Janeiro de 2011,  será a partir de Janeiro próximo.

Porque pede agora um adiamento  na aplicação desta directiva?

Pedimos agora uma moratória  por ser a última oportunidade.

Os serviços postais europeus estão  mal preparados para a liberalização.

França não tem ainda uma lei postal  ou sequer um projecto-lei.

O Parlamento francês não aprovará  esta legislação até ao final do ano,

ou seja,  a liberalização em França será adiada.

Portugal e a Irlanda  também ainda não têm legislação.

Sr. Simpson, o que pensa  da proposta do Sr. Barnier,

de um grupo de diálogo para operadores,  sindicatos e consumidores?

Creio ser necessário, no mínimo,  como ponto de partida.

Os Estados-Membros tiveram bastante  tempo para se prepararem para isto

Um dos problemas  com que nos deparámos no passado

é que alguns Estados-Membros  adiantaram-se com a liberalização,

fizeram como a avestruz  e enterraram a cabeça na areia

A realidade é que chegará  para a maioria da UE.

A proposta da Comissão é um bom passo  em frente ou vem tarde demais?

Ponhamos as coisas em perspectiva.  No início dos anos 90,

a Comissão lançou um Livro Verde  sobre a reforma do mercado postal.

Sou eurodeputado desde 1994,  Brian é-o há mais cinco anos.

Desde então que nós e o Parlamento  debatemos o futuro dos correios.

Houve conversações  com as autoridades francesas,

com a Bélgica, Luxemburgo e com os  países da Europa de Leste, ao aderirem.

Quem desconhecia  a liberalização postal

terá estado a dormir  nos últimos 20 anos.