No rescaldo de uma semana sangrenta, a ameaça do separatismo e a corrupção endémica afetarão a esperança renovada no Acordo de Associação? Elmar Brok diz de sua justiça.

Entrevista: rumo incerto para uma Ucrânia fraturada

https://api.multimedia.europarl.europa.eu/documents/20125/16501524/n003-0281-pt.srt

Elmar Brok, os ucranianos  decidiram avançar rumo à UE.

Qual será o próximo passo,  o que disse aos ucranianos?

Julgo fantástico que a Ucrânia  conquiste agora liberdade.

Ainda não está concluído,  têm de nomear um governo estável,

eleger um novo presidente  e executar reformas a nível nacional

Há já relatos de tropas acionadas  na Rússia Ocidental,

mas creio que o país poderá  encontrar o seu rumo para Europa,

com o Acordo de Associação e  Comércio Livre, depois aguardaremos

desenvolvimentos na UE e na Ucrânia  e veremos até onde iremos.

Por falar em associação  e comércio livre,

a Ucrânia precisará urgentemente  de 28 mil milhões de euros.

A UE diz sim ou não?  É preciso uma decisão rápida.

Nada disso, só precisam de 3 ou  4 mil milhões de euros a curto prazo,

entre 18 e 20 mil milhões já foram  nos planos do FME pré-Vilnius.

Yanukovych é que perdeu muito  tempo e roubou muito desde então.

Há que preparar  um momento histórico,

mas também de garantir que a verba  roubada, tal como com os Khadafi,

é recuperada pelos bancos  internacionais e devolvida à Ucrânia.

A nível europeu,  julga haver finalmente

uma posição unificada  em relação à Ucrânia?

Após disputas iniciais,  acordámos sanções intimidatórias,

três MNE negociaram no local,  em representação da UE.

Isto prova que uma UE unida  tem influência

e pode ter resultados através  do "poder persuasivo" da UE,

um instrumento poderoso, havendo  unidade durante as negociações.

Fala-se do envio de tropas,  como deve reagir a UE?

A UE demonstrou claramente  que, no passado,

a comunicação com a Rússia  não foi muito clara.

É óbvio que o Acordo de Associação  não é em detrimento da Rússia,

Se a Rússia quer realmente a Ucrânia  como Estado independente,

deve ser o país a decidir,  não Bruxelas ou Moscovo,

Há que ficar claro que a Rússia quer  uma parceria justa com a Ucrânia,

nós queremos uma parceria  com a Rússia.

A opção não terá impacto negativo  nos interesses económicos russos.

Acha possível  uma divisão da Ucrânia?

A maioria ucraniana não a quer,  seria uma imposição.

Devemos apoiar o novo governo  de forma a permitir

que este envolva toda a sociedade  e país, para evitar uma divisão.

Qual será o próximo passo?  O que fará de seguida?

O próximo passo  será estabilizar um governo

aberto a reformas, esperemos  que alargadas, no final da semana.

A UE deve fornecer apoio financeiro,  em conjunto com outros doadores

e com o FMI, para impedir  que o país entre em bancarrota.

Diz-se que o grande problema não é  a Rússia, mas a corrupção na Ucrânia.

Como abordar e debater abertamente  a questão com ucranianos?

É uma das grandes exigências  dos manifestantes.

Um sistema judicial decente, uma  das condições impostas pela UE,

e jurisdição independente são vitais  para trazer a corrupção à justiça.

É então importante  que, com a ajuda da UE,

bem como do Conselho Europeu  e da Comissão de Veneza,

seja criado um sistema legal melhor  preparado para combater a corrupção.

Elmar Brok,  muito obrigado por esta entrevista.